Tudo começa com os olhos. Eles se encontram, se magnetizam. Não conseguem se largar nem por um segundo. Dizem mais do que deveriam. As pupilas se dilatam, e é como se tudo em volta tomasse outras cores. Mais amarelo, mais azul, mais verde e muito, muito mais vermelho. Como imãs, permanecem grudados. Permanecem conectados. Como se a simples menção à desconexão lhes causasse uma dor que jamais poderiam aguentar.
O som da voz vem como uma canção. E você poderia ficar o dia todo ali, escutando, repassando mentalmente. O jeito como se move te encanta, é incrível. Como se ali, na sua frente, estivesse o ser mais perfeito que já tocou a Terra algum dia.
A próxima reação vem com o cheiro. É inevitável, nessas horas os instintos falam mais alto. O aroma te invade, toma conta de cada canto do seu ser, domina toda a sua racionalidade. E ela se esvai... Lentamente, deixando seus últimos momentos de uma consciência conturbada ali, entorpecidos. É doce, é forte, te toma de uma maneira incomum. Te expõe. Esses somos nós, os seres humanos. Animais. Racionais ou não - e nesse momento, mais pra não. Ainda assim, animais.
Você quer. Você deseja. É o que o seu corpo diz. As borboletas disparam no estômago, suas mãos suam e as pernas tremem. Sua capacidade de formar frases coerentes está reduzida a zero e é aí que você sabe que tudo está perdido. Esse é seu último pensamento coerente.
A proximidade traz o tato... O tato! É formidável. Pele com pele, corpo com corpo. A química age e reage dentro de você, seu cérebro manda recados desesperados para o corpo todo. Mais hormônios, mais batimentos, e mais hormônios, e mais batimentos! Respiração descompassada. Temperatura aumentando, pressão arterial subindo... E você ali, tentando desafiar as leis da física. Dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar do espaço? Bobeira!
Você se perde, em si mesmo e no outro, aqui e ali, tudo junto e misturado.
Ah, esses apaixonados...