É natal. E na troca de presentes você ganha aquela jóia que queria ganhar desde quando não tinha idéia do quão caro ela poderia custar. Mas seus pais te deram... E agora? Agora você a coloca dentro daquela caixinha de veludo e guarda dentro daquela gaveta que tem certeza que ninguém irá mexer. E quando for usar – somente nas ocasiões mais especiais, é claro – você toma todo o cuidado do mundo para que não arranhe, suje; você triplica seus cuidados para que não haja o risco de perdê-la. Você preserva.
Férias. Você viaja com algumas pessoas para algum lugar paradisíaco a sua escolha – imagine como quiser. Pode ser alguma praia australiana. Ou Caribe. Ou Fernando de Noronha. Você encontra por lá as árvores mais bonitas, a areia mais branca e fina, os corais mais lindos que poderia imaginar. Os animais rodeiam tudo, o lugar respira vida, exala vida. E então, enquanto você está lá, um acidente horrível acontece. Derramamento de óleo, por exemplo. E as praias ficam imediatamente imundas. As árvores ficam escuras, a areia não serve mais para os passeios de fim de tarde. E os animais morrem. Na sua frente. E você se sente impotente, inútil, exasperado. Esse é o seu instinto de preservação, sendo totalmente bombardeado e jogado pra baixo. Ou pra cima. Tanto faz.
E a Torre Eiffel se parte ao meio. O Cristo Redentor perde um dos braços. A Estátua da Liberdade perde a cabeça. As Torres Gêmeas são derrubadas por um ataque terrorista. Crianças morrem de fome na África, adultos morrem de AIDS no mundo inteiro... E você quer preservar aquelas vidas, mas não pode. Está longe demais, inacessível demais, você é pequeno demais...
Você tem uma foto dos seus pais que se foram. Ou dos melhores amigos que moram longe. Ou da irmã que mora em outro país. Daquela banda preferida que morreu num acidente de avião quinze anos atrás, talvez. E você mantém a foto ao lado da sua cama, dia após dia. Antes de dormir você olha pra ela. E olha quando acorda, também. Você deixaria essa foto em qualquer lugar? Correndo risco de ser molhada, ou talvez queimada? Correndo o risco de que alguma criança a tome e rabisque os rostos das pessoas que você ama? Você deixaria qualquer pessoa escrever no verso dessa foto? Talvez ainda houvesse aquela dedicatória especial lá atrás. Não. Você não deixa. Você preserva. Você cuida.
Então você está naquela fase pós adolescência, ou então no começo da sua juventude. Ou, talvez, você já esteja na meia idade. Ou que seja mais velho, então. E você está de cara com a pessoa que você mais ama. Você sabe que sem aquela pessoa você não seria ninguém, sem essa pessoa o seu mundo não faria sentido. Ela é uma raridade. Talvez mais que a jóia que você possa ter ganho de natal. Talvez mais do que aquela praia no Caribe que você visitou nas férias. Talvez seja uma raridade imensamente maior que o Cristo Redentor, ou que as Torres Gêmeas. Ela é mais singular e mais rara pra você do que a fotografia que você guarda com a maior estima. Como você a trata? Você diz que a ama todos os dias? Você a lembra do quão importante ela é na sua vida? Você faz aquele café na cama com as coisas que ela mais gosta de comer? Você a acorda com um beijo de bom dia? Você se esforça, dura e exaustivamente, para que o dia dela seja tão bom quanto poderia ser – mesmo quando tudo dá errado?
A vida é uma faísca. E antes que percebamos, ela pode apagar.
E então, o que você tem feito para preservar sua raridade?
Porque se ela for verdadeiramente a sua raridade, acredite: ela é o que fez, faz, e continuará fazendo tudo valer a pena.
Apenas reflita.
-----
A inspiração pro post veio de um comercial de MOTEL que tá passando na tv. SEM MAIS! :P
Desculpem por ser tão grande, mas até que gostei viu? Percebi muitas coisas escrevendo, sobre mim e tals... Gostei especial e particularmente de fazer esse. :)
Férias. Você viaja com algumas pessoas para algum lugar paradisíaco a sua escolha – imagine como quiser. Pode ser alguma praia australiana. Ou Caribe. Ou Fernando de Noronha. Você encontra por lá as árvores mais bonitas, a areia mais branca e fina, os corais mais lindos que poderia imaginar. Os animais rodeiam tudo, o lugar respira vida, exala vida. E então, enquanto você está lá, um acidente horrível acontece. Derramamento de óleo, por exemplo. E as praias ficam imediatamente imundas. As árvores ficam escuras, a areia não serve mais para os passeios de fim de tarde. E os animais morrem. Na sua frente. E você se sente impotente, inútil, exasperado. Esse é o seu instinto de preservação, sendo totalmente bombardeado e jogado pra baixo. Ou pra cima. Tanto faz.
E a Torre Eiffel se parte ao meio. O Cristo Redentor perde um dos braços. A Estátua da Liberdade perde a cabeça. As Torres Gêmeas são derrubadas por um ataque terrorista. Crianças morrem de fome na África, adultos morrem de AIDS no mundo inteiro... E você quer preservar aquelas vidas, mas não pode. Está longe demais, inacessível demais, você é pequeno demais...
Você tem uma foto dos seus pais que se foram. Ou dos melhores amigos que moram longe. Ou da irmã que mora em outro país. Daquela banda preferida que morreu num acidente de avião quinze anos atrás, talvez. E você mantém a foto ao lado da sua cama, dia após dia. Antes de dormir você olha pra ela. E olha quando acorda, também. Você deixaria essa foto em qualquer lugar? Correndo risco de ser molhada, ou talvez queimada? Correndo o risco de que alguma criança a tome e rabisque os rostos das pessoas que você ama? Você deixaria qualquer pessoa escrever no verso dessa foto? Talvez ainda houvesse aquela dedicatória especial lá atrás. Não. Você não deixa. Você preserva. Você cuida.
Então você está naquela fase pós adolescência, ou então no começo da sua juventude. Ou, talvez, você já esteja na meia idade. Ou que seja mais velho, então. E você está de cara com a pessoa que você mais ama. Você sabe que sem aquela pessoa você não seria ninguém, sem essa pessoa o seu mundo não faria sentido. Ela é uma raridade. Talvez mais que a jóia que você possa ter ganho de natal. Talvez mais do que aquela praia no Caribe que você visitou nas férias. Talvez seja uma raridade imensamente maior que o Cristo Redentor, ou que as Torres Gêmeas. Ela é mais singular e mais rara pra você do que a fotografia que você guarda com a maior estima. Como você a trata? Você diz que a ama todos os dias? Você a lembra do quão importante ela é na sua vida? Você faz aquele café na cama com as coisas que ela mais gosta de comer? Você a acorda com um beijo de bom dia? Você se esforça, dura e exaustivamente, para que o dia dela seja tão bom quanto poderia ser – mesmo quando tudo dá errado?
A vida é uma faísca. E antes que percebamos, ela pode apagar.
E então, o que você tem feito para preservar sua raridade?
Porque se ela for verdadeiramente a sua raridade, acredite: ela é o que fez, faz, e continuará fazendo tudo valer a pena.
Apenas reflita.
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A inspiração pro post veio de um comercial de MOTEL que tá passando na tv. SEM MAIS! :P
Desculpem por ser tão grande, mas até que gostei viu? Percebi muitas coisas escrevendo, sobre mim e tals... Gostei especial e particularmente de fazer esse. :)
Enfim... Beijos e obrigada pela visita! ;)
Concordo plenamente na questao de cuidar e preservar o q mais amamos... meu problema eh q as vezes eu exagero d+ nisso qqq-
ResponderExcluirMto foda o texto *o*
mostrou tb q a inspiraçao para um texto tao bom quanto este pode vir de um comercial de motel heasuhaesuhaesuhauseheuas
Como sempre você apaixonada, mas que caralho. APOKSAPOKSAPOKSAOPKSPOKPOSAKSOPA Não gostei do ultimo parágrafo, é recalque porque ninguém me quer nem me ama. Mas no fundo gosto. Dinheiro me ama e isso é o que há na minha vida -QS.
ResponderExcluirAwn você é uma puta Mary, sempre tão expressiva. Pensei qeu ia falar só dos problemas globais, hahahahah
Fiquei imaginando a ligação disso com a propaganda do motel e, como minha imaginação é meio fértil, fiquei com medo das possibilidades UDHSAUHDSAUHDSAUHDUSAHDUSA
ResponderExcluirÀs vezes a gente tem mais cuidado com raridades como presentes e viagens do que com raridade como amores, amigos e familia... E eles são os que mais precisam ser preservados.
lindo e verdadeiro <3
Você escreveu no post uma frase parecida com uma que você escreveu pra mim um dia. E que eu tenho ela guardada até o hoje, como uma jóia rara.
ResponderExcluirNão sei se você se lembra, mas eu lembro e pra mim isso já é reconfortante o suficiente.
<3
Ouuuuun, que lindo! ii'
ResponderExcluirDevo admitir que normalmente eu nunca entendo textos profundos e tal, ou quando tento entender minha mente viaja tanto que o que eu tinha que entender se perde totalmente, mas esse eu entendi, e me deu muito o que pensar!
E estou sensível ultimamente ¬¬ /cry
Amei, Maly, parabéns pelo texto! *-*
aaaaaah, que lindo maaah *--*'
ResponderExcluiras minhas raridades eu tento manter por perto, mesmo num chat fuleiro q existe ali sabe ? rs.
ResponderExcluirvery good indeed, *-* !
Seu texto mais lindo! Me identifiquei bastante, mas ainda entro numa outra vertente: talvez só se dê mais valor a tudo isso, dizer que ama e tentar agradar pra ver a outra pessoa feliz, quando não se pode.
ResponderExcluirBeijo!
Muito bom, até vou te poupar de todo o meu sarcasmo, ironia, amargura e afins pra não estragar esse post. :)
ResponderExcluir:*
PS.: Acabou me lembrando uma música de uma banda que curto, talvez tu conheça: http://tinysong.com/uHfy