quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

; vontade

        As nuvens cobriam todo o céu, mas por entre algumas delas eu podia facilmente distinguir a lua e as estrelas. Estava deitada na cama, janela aberta e olhos atentos no eclipse que estaria para acontecer. O vento soprava de leve e a chuva vinha preguiçosa.
        Junto com a chuva - e com o eclipse já eminente, talvez - vieram os pensamentos. Os pensamentos sobre presente, sobre passado e sobre futuro. Os pensamentos que me levaram naquele momento a dimensões que só costumo visitar em sonhos, nos mais doces sonhos. Daquele tipo de sonho que a gente dorme torcendo pra ter.
        E todos esses pensamentos se fundiram e se transformaram em vontade. Vontade de que as estrelas brilhassem um pouquinho mais. Vontade de que o eclipse durasse um mês todo, não só algumas horas, pra eu ter uma desculpa plausível pra ficar feito boba olhando a lua. Vontade de que as horas não passassem, e vontade de que o futuro distante chegasse bem naquele momento, só pra ver se a ansiedade acabaria de uma vez. Vontade de que as coisas fizessem um pouco mais de sentido, que fossem mais como histórias de filme e menos como vida real. Vontade de ter alguém mais perto... Bem mais perto.

6 comentários:

  1. já diria Nichole Goodrich: Life can be a bitch.

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  2. ... Bem mais perto, definitivamente. Ah, essas vontades!

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  3. Soneto da Lua


    Por que tens, por que tens olhos escuros
    E mãos lânguidas, loucas, e sem fim
    Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim
    Impuro, como o bem que está nos puros ?

    Que paixão fez-te os lábios tão maduros
    Num rosto como o teu criança assim
    Quem te criou tão boa para o ruim
    E tão fatal para os meus versos duros?

    Fugaz, com que direito tens-me pressa
    A alma, que por ti soluça nua
    E não és Tatiana e nem Teresa:

    E és tão pouco a mulher que anda na rua
    Vagabunda, patética e indefesa
    Ó minha branca e pequenina lua!

    Vinicius de Moraes

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  4. under the stars, under the moon...
    it's so inspiring!

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