segunda-feira, 29 de novembro de 2010

; sobre as coisas que fiz

        Ultimamente só consigo pensar nas marcas que deixo pra trás. Sei que arriscar nem sempre é bom, mas eu sou assim... Inconsequente, de certo modo. Não é que me cause prazer, ou que eu queira ser rebelde e quebrar duas ou três regras pros outros ficarem putos e gritarem comigo até estourarem as cordas vocais. Não.
        Eu só penso que daqui a dez, talvez quinze anos, quero olhar pra trás e me sentir bem. Quero me sentir bem por ter me permitido escolher, por ter me permitido arriscar. Por ter me jogado de cabeça em algo totalmente novo, que todos julgariam irresponsável. Quero me sentir orgulhosa pelos caminhos que tomei, e por ter me deixado experimentar. Quero ter a consciência plena de todas as situações absurdas em que me meti, e de todos com quem esbarrei por aí. Tudo que deixei que me marcasse, cada detalhe que guardei pra mim. Cada madrugada virada com os amigos. Cada show, cada bebedeira, cada crise de riso, cada canção, cada palavra. Quero olhar pra trás e me sentir bem por ter feito cada uma das minhas insanidades.
        Porque sem isso eu provavelmente me sentiria incompleta. Sem isso eu sentiria como se tivesse deixado metade da vida para trás, como páginas em branco que poderiam ter sido rabiscadas, escritas, desenhadas, coloridas. Não.
        Quero que minha vida seja um livro completo. Não apenas capa e contracapa, mas o todo: o começo bonito, o meio conturbado e cheio de idas e vindas; e então o final, que ninguém sabe ao certo como será.
       
        Nunca fui dessas que gostam de clichês, mas um caberia bem: quero me arrepender do que fiz, não do que deixei de fazer.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

; aquele tal de livre arbítrio

        Seguir um caminho sem saber ao certo onde vai dar faz parte dos percursos ridiculamente instrutivos e necessários na vida. Sem isso provavelmente seríamos apenas pessoas comuns, banais, ordinárias – lisas, impecáveis, imaculadas.
        A graça de cada pequeno progresso são as cicatrizes. Os pés cheios de bolhas, as mãos com calos, os cotovelos ardendo, os joelhos ralados. As batidas de cabeça que nos ensinam mais do que qualquer conselho de mãe – aqueles que quase sempre ignoramos e que são infalivelmente certeiros. Mas creio que também faça parte do caminho ignorar a todos eles.
        O ser humano não aprende com palavras bonitas. Não aprende com vozes afáveis. Precisamos da dor. A dor é a beleza do ser, é a beleza de ser e de estar e de cair e de querer continuar...
        Fiquei brava com Deus algumas vezes. Duvidei que ele existisse, em outras. Mas hoje entendo que ele realmente escreve certo por linhas tortas... Ele realmente dá os pés certos para cada caminho tortuoso. Cabe a cada um de nós decidir entre a dolência ou o deleite dos tombos. É aquele tal de livre arbítrio.


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ps: atualizei o Flickr e o deviantArt ontem. quem usar algum deles e quiser passar pra dar uma olhada, adorarei! :)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

; my band

Cara, peguei a dica no blog do Agni, achei super legal e resolvi tentar! :)

O negócio é o seguinte: tá rolando no facebook uma brincadeira bem legal onde o propósito é "criar" sua banda; o nome e a capa de um CD. Funciona assim:

  1. Acesse um artigo aleatório no Wikipedia em http://en.wikipedia.org/wiki/Special:Random. O título do primeiro artigo que aparecer será o nome da sua banda;
  2. Veja algumas citações aleatórias do Quotations Page em http://www.quotationspage.com/random.php3. As últimas quatro ou cinco palavras da última citação será o nome do seu álbum;
  3. Explore fotos interessantes do Flickr na última semana em http://www.flickr.com/explore/interesting/7days. Não importa quais fotos apareçam, a terceira delas será a capa do seu álbum;
  4. Use o Photoshop ou o GIMP para fazer a montagem da capa do seu álbum;
  5. Publique o resultado final no seu mural no Facebook juntamente com essas instruções, e “marque” na imagem todos os amigos que você quiser chamar para a brincadeira. 

Quem gostar da brinks e tentar também, posta aí nos comentários o resultado! ;)

O meu ficou assim:


domingo, 21 de novembro de 2010

; fireplace

        O fogo na lareira crepitava animado, e o estalar da lenha soava como uma melodia rústica, algo primitivo. Misturava-se com o som não muito alto da música calma no ambiente, o violão dedilhado num ritmo gostoso e a voz em tons medianos proferindo palavras doces. As palavras doces se misturavam com o doce do vinho suave que jazia no fundo da garrafa quase vazia, assim como nas manchas das taças esgotadas onde a bebida há pouco estivera.
        O tapete felpudo, tão branco quanto a neve que costumava cair lá fora naquela época do ano, nos acolhia durante aquela noite calma. Era quase uma rotina – a lareira, a música, o vinho e nós dois. Pernas entrelaçadas enquanto um sentava-se de frente para o outro. Vez ou outra os pés se balançavam no ritmo da música, outras vezes apenas roçavam-se, como que para ter certeza que o outro ainda estava ali – e sempre estávamos.
        Nossas vozes saíam baixas, apenas o suficiente acima do sussurro para que o outro pudesse ouvir. Na maioria das vezes, para ser sincera, quem ouvia era você. Eu e a minha irritante mania de tagarelar sobre as coisas mais pueris: sobre o tempo, sobre os acasos, sobre os desencontros. Você e a sua infinita paciência em ouvi-las. E quando sua voz grave se atrevia a tomar o lugar da minha por vezes melodiosa, por outras esganiçada, vinha carregada daquela ternura que transbordava a cada palavra. Ela vinha trazendo consigo sempre, no fim de cada noite, as rimas mais belas.
        E quando a embriaguez começava a tomar posse da racionalidade, ambos sabíamos que era o momento de silenciar. O silêncio é sempre sábio... E para nós, dizia mais que uma enxurrada de palavras. E não precisávamos sequer dos olhos para nos comunicar – eu apenas me deitava sobre suas pernas, e o toque sutil no meu cabelo dizia mais do que você sequer chegou a imaginar um dia. E a única coisa que eu desejava era que minha respiração calma e minhas risadas leves te respondessem a altura. O sono me vinha fácil, e os sonhos eram sempre serenos.
        Naqueles dias que passávamos juntos, sozinhos na casa de inverno, nada mais existia. Eu tinha isso como certo para mim, e sabia que você mantinha o mesmo pensamento. Ali na nossa pequena redoma, no nosso refúgio, éramos apenas os dois. Sem títulos. Sem nomes. Éramos só o verbo do amor exclamado. Só aquela platonicidade aterradora, e o calor no peito – talvez vindo da lareira, mas muito provavelmente não –, que fazia-nos afogar a cada noite que passava.


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Apenas divagando no universo da pré-adolescência por alguns instantes...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

; coleccionista de colores

        Coleciono cores.

        Coleciono cores porque elas me dão razão para seguir em frente, razão para viver. Coleciono cores porque elas não são apenas cores: são também os meus sonhos. Então, coleciono sonhos. Porque nada nessa vida é mais desesperadoramente importante quanto sonhar.
        Coleciono cores porque com elas sou capaz de descobrir os mistérios do mundo. Sou capaz de olhar os detalhes, de desvendar minhas dúvidas. Coleciono cores porque com elas redescubro cada pedacinho de mim, e com elas posso pintar novos pedacinhos e continuar, constantemente, mudando. Colorindo.
        Coleciono cores porque com elas vêm os sentimentos. E com cada sentimento vem uma enxurrada de novas sensações e de novos mundos e cores para serem explorados. E cada cor, cada sentimento bom ou ruim, me ensina muito mais do que eu seria capaz de aprender caso não as colecionasse.
        Coleciono as cores da loucura, da tranquilidade e do delírio. Coleciono as cores do fanatismo e coleciono as cores da calma. Coleciono as cores da magia e da alma. Coleciono as cores de todas as emoções. Coleciono cada cor do caminho que sigo cada dia, sem medo. Coleciono as cores do destino.
        Coleciono as cores do pôr-do-sol. As cores da lua no céu escuro. Coleciono as cores da água, da luz tocando preguiçosamente a grama no fim de tarde. Coleciono as cores dos olhos e as cores dos sorrisos. Coleciono as cores de cada amigo, e de cada um que passa por mim, deixando seus tons sobre o papel em branco que é minha vida – o papel que preencho a cada dia da minha existência.
        Coleciono cores porque isso é apenas uma metáfora para dizer que coleciono memórias. E as memórias me fazem ser quem sou. Pro bem ou pro mal, colecionar cores é o que forma o meu caráter e minha personalidade. E colecionar cores é o que me faz ser quem sou. E é o que me faz feliz.
        Não consigo me imaginar em uma vida de preto e branco...



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E só lembrando, com a tag... Tem gente me devendo uns textos, né? Ham!
Beijos! ;*