segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

; lute

        Acho que a mensagem "o que transmitimos é o que volta ao nosso encontro" é muito verdadeira em vários pontos, mas moldo essa crença de outra maneira para o meu dia-a-dia.
        Creio, sinceramente, que toda essa conversa de transmissão tem mais a ver com o acreditar. Quando acreditamos com todas as nossas forças que podemos fazer algo, que podemos alcançar um objetivo, conscientemente ou não partiremos em busca desse sonho até o fim.
         Temos em nossas mãos não apenas as energias positivas que os livros citam... Temos o poder de fazer acontecer. O poder não apenas de sentir, mas o de mudar. O poder de erguer a cabeça, manter os olhos no horizonte e corrermos até as nossas forças se esgotarem para finalmente conseguirmos alcançá-lo. Temos o poder de acordar a cada dia e decidir o que iremos fazer, como usaremos o nosso tempo e como agiremos para que o mundo acabe nos recompensando.
         Nada vem de graça. Ficar sentado o dia inteiro lamentando "o que era pra ser, mas não foi" não leva ninguém a lugar algum. Chorar pelo amor perdido, ou pelo alguém que nunca chegou a realmente ter, não leva alguém a lugar algum. Descontar nos outros suas próprias frustrações sem mover um dedo sequer para fazer as coisas serem diferentes, definitivamente, não leva alguém a lugar algum. Os outros não tem culpa pelos seus próprios erros. Os outros não tem culpa pelas injustiças que você insiste em dizer que acontecem com você, ninguém é culpado pelos seus amores ou desamores.
        Cada um deve carregar o fardo que lhe cabe, com sorriso no rosto e expressão determinada. Só assim as alternativas aparecerão.
        E é preciso tentar. Ir além dos limites, ir além da cômoda sensação de impotência que muitos de nós deixam se abater e uma vez ali, dificilmente fazemos algo para mudar. É preciso seguir em frente.
        Lágrimas não traçam caminhos, gritos não derrubam obstáculos.

        Como disse o mestre: As pessoas se sentem desiludidas porque passam tempo demais se iludindo.
        Não se iluda – Lute.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

; vontade

        As nuvens cobriam todo o céu, mas por entre algumas delas eu podia facilmente distinguir a lua e as estrelas. Estava deitada na cama, janela aberta e olhos atentos no eclipse que estaria para acontecer. O vento soprava de leve e a chuva vinha preguiçosa.
        Junto com a chuva - e com o eclipse já eminente, talvez - vieram os pensamentos. Os pensamentos sobre presente, sobre passado e sobre futuro. Os pensamentos que me levaram naquele momento a dimensões que só costumo visitar em sonhos, nos mais doces sonhos. Daquele tipo de sonho que a gente dorme torcendo pra ter.
        E todos esses pensamentos se fundiram e se transformaram em vontade. Vontade de que as estrelas brilhassem um pouquinho mais. Vontade de que o eclipse durasse um mês todo, não só algumas horas, pra eu ter uma desculpa plausível pra ficar feito boba olhando a lua. Vontade de que as horas não passassem, e vontade de que o futuro distante chegasse bem naquele momento, só pra ver se a ansiedade acabaria de uma vez. Vontade de que as coisas fizessem um pouco mais de sentido, que fossem mais como histórias de filme e menos como vida real. Vontade de ter alguém mais perto... Bem mais perto.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

; hitten

        Quantas vezes as pessoas têm o poder de nos atingir?
        Tantas quantas formos idiotas o suficiente para deixarmos com que elas o façam.

        Não importa o número de barreiras que criamos, não importa as camadas que nós tecemos ao redor dos sentimentos, não importa as linhas que criamos no imaginário para separar cada pequena parte de nós e do que sentimos dentro da mente e do coração... Sempre há um caminho.
        O problema é que mesmo que criemos um bilhão de medidas mentais e sentimentais, acabamos deixando com que as pessoas as derrubem uma por uma e nos alcancem onde somos mais vulneráveis. E então lá estamos, tolos como só os que amam podem ser, esperando de alguém o máximo que sabemos que não podem nos dar.
        E quando vem a decepção e tudo parece ruir sob os nossos pés... Bem, a culpa no fim é nossa mesmo. Porque as barreiras não foram o suficiente. Porque não cuidamos tanto quanto deveríamos.
        Porque soubemos desde o início que sempre tem um pé de ferro para pisar num coração mole...

; what about the future?

        Meninas por todo o território nacional acordam pensando em como será o dia na escola. Com quantos gatinhos conversarão naquele dia, e quantos as adicionarão no orkut. Saem de suas camas de confortáveis lençóis de algodão pra irem pra frente do espelho exagerar na dose da chapinha, do perfume e da maquiagem. Colocam roupas curtas e tão coladas ao corpo que fariam o cabelo de qualquer senhora de quarenta e poucos anos ficar de pé. Passam perfume, sorriem pros pais que acham tudo aquilo lindo e partem para mais um dia em que se dividem entre ficar com o menino da turma mais velha e acabar com a vadia da sala que se acha melhor que eu.
        Seu sonho é conhecer a Disney.
        Seu pesadelo é uma greve de manicures.
        Sua ferramenta é o Photoshop.
       
       
         Meninos por todo o território nacional acordam pensando em como será o dia na escola. Em quantas meninas passarão uma cantada, quantas suspirarão quando os virem passar. Pulam da cama de lençóis de algodão e pisam sem querer no controle do Xbox 360, aquele que eles ficaram jogando até altas horas da madrugada no dia anterior. Correm pra frente do espelho pra arrumar a franja de acordo com a moda atual. Vestem calças justas e blusas tão justas quanto, tudo em tons coloridos, vibrantes. Tomam banho de desodorante teen, sorriem pros pais que acham tudo aquilo lindo e partem para mais um dia em que se dividem entre falar sobre os times de futebol na escola e discutir sobre qual é a melhor banda colorida da atualidade.
        Seu sonho é ter o tênis mais caro do shopping.
        Seu pesadelo é que chova em seu cabelo.
        Sua ferramenta é o RedTube.




        Enquanto isso, em Brasília, políticos aprovam aumento de sessenta porcento no salário do legislativo e do judiciário.
        E o futuro, Brasil?
        Está nas mãos daquelas crianças ali em cima.
       
        Pensem nisso.
        E temam.


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Indignação é a palavra...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

; duas palavras

        Vim pra dizer apenas duas palavras. Talvez eu tenha demorado demais, mas meus pés precisavam passar por toda a estrada antes de chegar aqui, sem atalhos. Meu coração precisava de um tempo para voltar ao seu lugar, e agora ele não está mais ferido.
        Quero dizer, antes das duas palavras, que não sei bem o que tem acontecido dentro da minha cabeça. Em algum lugar no meio da confusão de músicas e medos, de palavras e sentimentos, eu me perdi um dia. E demorei pra reencontrar o caminho certo. Mas agora tenho certeza de que andei o suficiente por ele, passei por obstáculos o suficiente para reconhecer as duas palavras que meu coração sussurra dia após dia.
        Quero te dizer apenas duas palavras no ouvido, ou talvez cantá-las, sob uma melodia qualquer que passar pela cabeça no momento. Está decidido. E mesmo que eu não entenda o que se passa com você ou comigo, eu só queria dizer...   
        Duas palavras: te amo.
        E estou certa de que o único erro nisso é o sintático.


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ps: beijos pra quem entender a última frase!

domingo, 5 de dezembro de 2010

; se essa rua, se essa rua fosse minha...

        São como pequenas pedrinhas de brilhante das nossas ruas ladrilhadas dos tempos da imaginação e das cantigas infantis: coloridas, aquele brilho que as faz tão vivas, aqueles tons que não sabemos explicar. E então uma delas te chama atenção: no meu caso a menorzinha, a mais estonteantemente bela e cintilante de todas elas – ao menos aos meus olhos.
        Descobri que ela tem luz própria, e por isso é tão atrativa. E com sua luz própria – quente e aconchegante –, tomei em minhas mãos e percebi que seu lume envolvia a mim, e a cada um mais que tocava logo em seguida, e então o próximo depois disso. Contagiante, essa é a palavra.
        Tem aquele quê de graça que ninguém consegue explicar. O encanto que transborda de toda ela, e quanto mais você olha e mantem os olhos sobre ela, mais encantado fica. Aquela lindeza que embasbaca, a suavidade que deixa a todos paralisados, de certa forma. Um pequeno mimo – pequeno de verdade, mas de uma grandeza que me faltam as palavras para descrever.
        Àquela pequena pedrinha de brilhante enche os olhos e toca o coração. Nos faz querer rir, querer guardá-la para todo o sempre num bolso seguro, protegê-la dos olhos alheios. Faz com que queiramos defendê-la de qualquer olhar maldoso, cobiçoso e invejoso que possa, porventura, tocar-lhe em algum momento. Ah, pedrinha intrigante!
        E a ela dei o nome de amiga.


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E a amiga tem nome: Fernanda!
Feliz aniversário, Fergalicious! Muitas felicidades pra você, sua linda! *-*
Esse é especial pra ela, mas obrigada a todo mundo que visitar, e dois obrigadas pra quem visitar e comentar! :)
Beijooos!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

; simples assim

        E tem gente que não leva o que escrevo a sério.

        Pois saiba que as palavras são as únicas armas das quais me disponho a usar. São só as palavras, tudo o que eu tenho. Tudo o que eu tenho para construir argumentos e contra-argumentos, tudo o que eu tenho para lutar. São as palavras o meu único meio para construir sorrisos intermináveis e para conseguir, heroicamente, fazer brotar uma lágrima ou duas nos olhos de quem as lê. Nos seus olhos.
        São só essas palavras, duradouras ou talvez não, que eu tenho para tocar o seu coração. São essas palavras meu único meio de tentar, de alguma forma, fazer o (seu) mundo um pouco melhor. São elas que dedico a você, com a esperança de que façam o mínimo sentido e que façam com que você possa sentir, assim como eu sinto.
        Simples assim. Simples como qualquer palavra...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

; spark

        É natal. E na troca de presentes você ganha aquela jóia que queria ganhar desde quando não tinha idéia do quão caro ela poderia custar. Mas seus pais te deram... E agora? Agora você a coloca dentro daquela caixinha de veludo e guarda dentro daquela gaveta que tem certeza que ninguém irá mexer. E quando for usar – somente nas ocasiões mais especiais, é claro – você toma todo o cuidado do mundo para que não arranhe, suje; você triplica seus cuidados para que não haja o risco de perdê-la. Você preserva.
        Férias. Você viaja com algumas pessoas para algum lugar paradisíaco a sua escolha – imagine como quiser. Pode ser alguma praia australiana. Ou Caribe. Ou Fernando de Noronha. Você encontra por lá as árvores mais bonitas, a areia mais branca e fina, os corais mais lindos que poderia imaginar. Os animais rodeiam tudo, o lugar respira vida, exala vida. E então, enquanto você está lá, um acidente horrível acontece. Derramamento de óleo, por exemplo. E as praias ficam imediatamente imundas. As árvores ficam escuras, a areia não serve mais para os passeios de fim de tarde. E os animais morrem. Na sua frente. E você se sente impotente, inútil, exasperado. Esse é o seu instinto de preservação, sendo totalmente bombardeado e jogado pra baixo. Ou pra cima. Tanto faz.
        E a Torre Eiffel se parte ao meio. O Cristo Redentor perde um dos braços. A Estátua da Liberdade perde a cabeça. As Torres Gêmeas são derrubadas por um ataque terrorista. Crianças morrem de fome na África, adultos morrem de AIDS no mundo inteiro... E você quer preservar aquelas vidas, mas não pode. Está longe demais, inacessível demais, você é pequeno demais...
        Você tem uma foto dos seus pais que se foram. Ou dos melhores amigos que moram longe. Ou da irmã que mora em outro país. Daquela banda preferida que morreu num acidente de avião quinze anos atrás, talvez. E você mantém a foto ao lado da sua cama, dia após dia. Antes de dormir você olha pra ela. E olha quando acorda, também. Você deixaria essa foto em qualquer lugar? Correndo risco de ser molhada, ou talvez queimada? Correndo o risco de que alguma criança a tome e rabisque os rostos das pessoas que você ama? Você deixaria qualquer pessoa escrever no verso dessa foto? Talvez ainda houvesse aquela dedicatória especial lá atrás. Não. Você não deixa. Você preserva. Você cuida.

        Então você está naquela fase pós adolescência, ou então no começo da sua juventude. Ou, talvez, você já esteja na meia idade. Ou que seja mais velho, então. E você está de cara com a pessoa que você mais ama. Você sabe que sem aquela pessoa você não seria ninguém, sem essa pessoa o seu mundo não faria sentido. Ela é uma raridade. Talvez mais que a jóia que você possa ter ganho de natal. Talvez mais do que aquela praia no Caribe que você visitou nas férias. Talvez seja uma raridade imensamente maior que o Cristo Redentor, ou que as Torres Gêmeas. Ela é mais singular e mais rara pra você do que a fotografia que você guarda com a maior estima. Como você a trata? Você diz que a ama todos os dias? Você a lembra do quão importante ela é na sua vida? Você faz aquele café na cama com as coisas que ela mais gosta de comer? Você a acorda com um beijo de bom dia? Você se esforça, dura e exaustivamente, para que o dia dela seja tão bom quanto poderia ser – mesmo quando tudo dá errado?
        A vida é uma faísca. E antes que percebamos, ela pode apagar.
       
        E então, o que você tem feito para preservar sua raridade?
        Porque se ela for verdadeiramente a sua raridade, acredite: ela é o que fez, faz, e continuará fazendo tudo valer a pena.
        Apenas reflita.


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A inspiração pro post veio de um comercial de MOTEL que tá passando na tv. SEM MAIS! :P
Desculpem por ser tão grande, mas até que gostei viu? Percebi muitas coisas escrevendo, sobre mim e tals... Gostei especial e particularmente de fazer esse. :)
Enfim... Beijos e obrigada pela visita! ;)