sexta-feira, 19 de novembro de 2010

; Carta #2

Ao melhor dos melhores,


        No início não te dei muita atenção. Na verdade, sendo muito sincera, você não me chamou a mínima atenção. Entre tantos outros com os ares que eu preferia - agitados, falantes e animados -, você era extremamente o oposto. E pensei que não fossemos nos aproximar, nunca. Você não falava. Seu jeito quieto, calado e tímido, de caramujo escondido em sua casca-casa, contrastava totalmente com minha personalidade irritantemente comunicativa, falante. E por um bom tempo pensei que nunca fossemos ser nada além que colegas, dividindo o mesmo espaço.
        Mas as reviravoltas dessa vida são incríveis, não são? E então aos poucos você se iluminou. E me iluminou também, com sua tímida luz azul-brilhante. Descobrimos as paixões que dividíamos e então nos redescobrimos. A atração imensa pela literatura e pela fantasia... O senso criativo que transbordava nossos seres a todo o momento, gritando a qualquer um que entre lápis, papel e borracha havia duas mentes que gostavam muito de passar os dias viajando entre as nuvens, apesar dos pés se manterem firmes no chão. E você se redesenhou e me desenhou... E eu reescrevi tudo sobre o que éramos, e sobre o que seríamos. Praticamente o mesmo gosto musical. E com a paixão pelas animações, nos animamos e nos transformamos... Em amigos. Deixei me levar por suas águas calmas. Por três anos de risadas, de música, de literatura e da sua luz azul-brilhante me envolvendo mais e mais.
        E então a separação. Mais uma vez, serei muito sincera: pensei que nunca mais fossemos nos aproximar. Nossos mundos eram totalmente distintos, entende? E mais uma vez, você me surpreendeu. Quando deixei os últimos resquícios da minha própria casca-casa pra trás, você se transformou totalmente. Não era mais apenas a luz azul-brilhante, mas agora o farol em toda a sua plenitude, me ajudando a cada momento a encontrar o norte, me mostrando o caminho através de sua luminosidade que chegava a queimar os olhos de quem olhava de fora.
        Obrigada. Obrigada por estar comigo a cada dia desses últimos anos. Obrigada por me apoiar. Por ser não apenas meu braço direito todo o santo dia; mas também minhas pernas quando não pude andar, meus olhos quando não pude enxergar, meu juízo quando não pude discernir. Obrigada por ser o abraço que conforta, as palavras que tranquilizam e as lágrimas que desabafam. Obrigada por ser a risada no dia difícil, e a risada no dia fácil também. Obrigada por ser. E somente por ser.
         Porque afinal, menino das bolhas... O que seria de mim sem você?


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Não só pro meu melhor amigo... Acho que muitos melhores amigos vão se identificar também. :)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

; montanha russa

Sobre emoções, sentimentos e estados...


Abalo e abatimento. Aceitação. Estruturação. Afirmação e adaptação, levando ao engrandecimento. Apoio que dá força. Atenção. Coragem.
Agitação, inquietação e angústia. Confusão, ansiedade e apreensão. Afeição. Afetividade. E o interesse... A atração e a expectativa.
Ternura. Leveza. Carinho, suavidade e fascínio. Companheirismo. Alegria e ânimo. Tanta beleza...
Que se quebra em conflito. Causado pela dependência, pelo desgaste e pelo desgosto. E que causa depressão e desespero. Dúvida. Chateação. Insegurança. Estresse.
Desorientação, distanciamento e tristeza.
Medo e agonia.
Dor.

E aí vem a solidão... O arrependimento e a vulnerabilidade. Culpa.
Mas tudo bem. Aparecem a calma e a compreensão. A decisão e a obstinação. E então o perdão.
O perdão que traz consigo o equilíbrio e a estabilidade. Que trazem a felicidade, acompanhada da fidelidade, da perseverança e da segurança. Sossego. Tranquilidade. Serenidade.

E aparece a intimidade, com a sensualidade.
E o sorrateiro desejo. A luxúria. A vontade.
O ardor, a euforia, a loucura, a urgência, a volúpia, a explosão, o êxtase...
Prazer e paixão.
Exaustão.

Harmonia e cumplicidade. Confiança.
Ausência, carência, ciúme e saudade? Paciência. E convicção, determinação.

Inocência. Sonho.
Fé.
Amor.




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Por incrível que pareça, apesar de ser um monte de palavras jogadas no "papel", esse texto foi um dos mais difíceis que já escrevi. E bom, se alguém achar algum sentido... Afortunado seja! :)
Beijos!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

; restos de novembro

        Leve os beijos ternos e os agitados. Leve os segundos do meu relógio e leve meu coração que bate forte e descompassado. Leve o calor do teu corpo e o cheiro da tua pele. Leve tuas canções, leve o teu nome pra longe da minha voz, e deixe o silêncio aqui... E cada história que me fala de ti.
        Às vezes não tenho onde ir. E esse amor fugaz me perturba, às vezes acalma, às vezes acalanta e às vezes fere... Leve os meus e teus sonhos, e leve o universo que fica pequeno longe de ti. Me deixe desorientada... Leve o sul e o sol.
        Leve essa verdade absurda, essa verdade absoluta, a nossa verdade que às vezes me sufoca, que faz sentir-me pequenininha. Leve as risadas e os sussurros, leve os abraços, leve os momentos e meus pensamentos.
        Leve os restos de novembro contigo. Leve tudo, tudo... Só pra depois trazer de volta. Só pra depois voltar.
        Leve... E tão leve.


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Adoro jogos de palavras! Ai que loucura!
Beijos! :)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

; l'amitié

        Encho um cantil com o ínfimo da minha sabedoria, e o tambor das armas com palavras tão perigosas quanto balas de prata. Como as balas, uma vez que as atiro elas não terão mais volta... E eu não quero que elas tenham.
        Entro nas trincheiras e mantenho a cabeça erguida. Não importa o quão sujo seja, o quão perigoso há de ficar. Não importa os riscos que correrei. Como disse o poeta: Da luta, não me retiro. E não me retiro!
        Se o que está em jogo é a felicidade dos que amo, jogo meu peito aberto na frente de qualquer mal – mesmo que meu peito seja apenas a mistura estúpida de pele, sangue e coragem. Tenha certeza: ficarei em pé até que o último inimigo caia. Ou até que eu caia.
        Da luta eu não me retiro.
        Manterei os olhos abertos e atentos. A espinha ereta. E aquela expressão de quem quer ameaçar, mesmo quando não está em condições para tal. Mantenho meu arsenal de frases e orações, prosa e poesia, para o meu Deus, para o seu Deus, para o nosso Deus... E para que todos eles se juntem e nunca nos desamparem.
         Pelos meus amigos, faço o que posso. E o que não posso. E o que não deveria fazer. Porque são os meus amigos. E quando sou por eles, nada nesse mundo é capaz de me deter.



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Inspirados em acontecimentos recentes e em chiliques twitterísticos.

Esse vai especialmente pro @johnbubbles, pra @fbgalo, pros VIPs de merda, pro @brumricardo, pra galera da Ribeirão Rock, pra Lanninha, pros caras [:D] e pra todos aqueles que sabem que têm um lugar especial no meu ésse dois.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

; where soul meets body

        O sol chega, aquece, me envolve e me abraça – como você. Banha minha pele como água limpa e limpa as sensações ruins. Medos e mediocridades são lavados e levados, para não voltar mais. Renova... Inova.
        Minha cabeça é como uma estação, e os pensamentos vêm e vão, livremente, para os destinos próximos e para os distantes, predestinados. Transformo-os em palavras, cores e sabores, só pra ter o gostinho bom de lê-los, de entende-los, de senti-los e de repensá-los.
        E quando o silêncio chega, desejo que ele me leve, e que leve você também... Então eu te seguro perto de mim, porque você é a única canção que eu ainda quero ouvir. A suave melodia com tons de castanho que me leva, e eleva a minha atmosfera pro lugar onde a alma encontra o corpo.



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Agora é oficial: não consigo me acostumar com a nova gramática! :(

ps: Pra ouvir mais uma música do Death Cab For Cutie (que deu nome e a idéia pro post), clique aqui.

Beijos! ;)