sábado, 29 de janeiro de 2011

; a dor e a delícia...

        Nasci sem saber, mas cresci aprendendo. Vesti a curiosidade, temi e superei, gostei, desgostei, caí. Talvez tenha demorado para levantar em alguns momentos. Talvez em outros tenha levantado rápido demais, como quando levantamos da cama de uma vez e terminamos caindo de tontura.
        Vi. Ouvi. Tateei. Senti gostos, gostosuras. Senti o cheiro da chuva e nela me derreti num dia de verão. Aprendi a diferenciar, e aprendi que diferente não é errado, e que o errado nem sempre é diferente.
        Cresci. Talvez não tanto quanto gostariam que eu crescesse, e talvez não tanto quanto deveria ter crescido. Cresci ligeira, pra afastar a dor o quanto antes. E mudei. Porque tudo muda, você muda e o mundo junto, junta. Nas diferenças. E nas semelhanças, também.
        Descobri o interior para trabalhar o exterior. Sorri. Porque nos sorrisos mostramos o que realmente importa. Chorei, porque extravasar é parte importante do aprendizado. E aprendi, nesse meio tempo, que é preciso jogar fora tudo de velho, para que o novo tenha lugar para ficar. Reciclei, mudei o ciclo. 
        E vou em frente, buscando força e bom caminho, me equilibrando entre a dor e a delícia de ser quem eu sou. Fechando buracos e remendando as feridas de um pouco daquilo demais que vivi, me apoiando no pouco do tudo que penso.



texto inspirado no título e no subtítulo do blog da Chris Carolo! :)

domingo, 23 de janeiro de 2011

; ps: eu te amo.

Primeiramente: antes de ler, abra o seu editor ortográfico e observe a tela em branco por alguns segundos. Perceba os detalhes...


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        Pisca.
        Pisca, pisca, pisca.
        Escreve.
        Duas linhas.
        Apaga.
        Uma palavra e meia. Apaga.   
        Um gole de café.
        Pisca, pisca.
        Outro gole.
        Escreve.
        Café.
        Apaga.   
        Pisca.
        Uma palavra.       
        Duas.
        Cinco linhas.
        Parágrafo. Pisca.
        Uma linha.
        Café.
        Mais açúcar, por favor?
        Pisca.
        Parágrafo.
        Pisca.
        Uma palavra. E outra, e outra, e mais uma.
        Apaga.       
        Fechar.
        Deseja salvar alterações?
        Não.

        Novo.
        Pisca.
        Um gole de café. Doce.
        Pisca, pisca.
        Duas letras. Dois pontos.
        Pisca.
        Café.
        Três palavras.
        Ponto.       
        Pisca.

        Copia.
        Cola.       
        Enviar.



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Quem nunca teve dúvida sobre o que falar, atire a primeira pedra! :)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

; lute

        Acho que a mensagem "o que transmitimos é o que volta ao nosso encontro" é muito verdadeira em vários pontos, mas moldo essa crença de outra maneira para o meu dia-a-dia.
        Creio, sinceramente, que toda essa conversa de transmissão tem mais a ver com o acreditar. Quando acreditamos com todas as nossas forças que podemos fazer algo, que podemos alcançar um objetivo, conscientemente ou não partiremos em busca desse sonho até o fim.
         Temos em nossas mãos não apenas as energias positivas que os livros citam... Temos o poder de fazer acontecer. O poder não apenas de sentir, mas o de mudar. O poder de erguer a cabeça, manter os olhos no horizonte e corrermos até as nossas forças se esgotarem para finalmente conseguirmos alcançá-lo. Temos o poder de acordar a cada dia e decidir o que iremos fazer, como usaremos o nosso tempo e como agiremos para que o mundo acabe nos recompensando.
         Nada vem de graça. Ficar sentado o dia inteiro lamentando "o que era pra ser, mas não foi" não leva ninguém a lugar algum. Chorar pelo amor perdido, ou pelo alguém que nunca chegou a realmente ter, não leva alguém a lugar algum. Descontar nos outros suas próprias frustrações sem mover um dedo sequer para fazer as coisas serem diferentes, definitivamente, não leva alguém a lugar algum. Os outros não tem culpa pelos seus próprios erros. Os outros não tem culpa pelas injustiças que você insiste em dizer que acontecem com você, ninguém é culpado pelos seus amores ou desamores.
        Cada um deve carregar o fardo que lhe cabe, com sorriso no rosto e expressão determinada. Só assim as alternativas aparecerão.
        E é preciso tentar. Ir além dos limites, ir além da cômoda sensação de impotência que muitos de nós deixam se abater e uma vez ali, dificilmente fazemos algo para mudar. É preciso seguir em frente.
        Lágrimas não traçam caminhos, gritos não derrubam obstáculos.

        Como disse o mestre: As pessoas se sentem desiludidas porque passam tempo demais se iludindo.
        Não se iluda – Lute.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

; vontade

        As nuvens cobriam todo o céu, mas por entre algumas delas eu podia facilmente distinguir a lua e as estrelas. Estava deitada na cama, janela aberta e olhos atentos no eclipse que estaria para acontecer. O vento soprava de leve e a chuva vinha preguiçosa.
        Junto com a chuva - e com o eclipse já eminente, talvez - vieram os pensamentos. Os pensamentos sobre presente, sobre passado e sobre futuro. Os pensamentos que me levaram naquele momento a dimensões que só costumo visitar em sonhos, nos mais doces sonhos. Daquele tipo de sonho que a gente dorme torcendo pra ter.
        E todos esses pensamentos se fundiram e se transformaram em vontade. Vontade de que as estrelas brilhassem um pouquinho mais. Vontade de que o eclipse durasse um mês todo, não só algumas horas, pra eu ter uma desculpa plausível pra ficar feito boba olhando a lua. Vontade de que as horas não passassem, e vontade de que o futuro distante chegasse bem naquele momento, só pra ver se a ansiedade acabaria de uma vez. Vontade de que as coisas fizessem um pouco mais de sentido, que fossem mais como histórias de filme e menos como vida real. Vontade de ter alguém mais perto... Bem mais perto.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

; hitten

        Quantas vezes as pessoas têm o poder de nos atingir?
        Tantas quantas formos idiotas o suficiente para deixarmos com que elas o façam.

        Não importa o número de barreiras que criamos, não importa as camadas que nós tecemos ao redor dos sentimentos, não importa as linhas que criamos no imaginário para separar cada pequena parte de nós e do que sentimos dentro da mente e do coração... Sempre há um caminho.
        O problema é que mesmo que criemos um bilhão de medidas mentais e sentimentais, acabamos deixando com que as pessoas as derrubem uma por uma e nos alcancem onde somos mais vulneráveis. E então lá estamos, tolos como só os que amam podem ser, esperando de alguém o máximo que sabemos que não podem nos dar.
        E quando vem a decepção e tudo parece ruir sob os nossos pés... Bem, a culpa no fim é nossa mesmo. Porque as barreiras não foram o suficiente. Porque não cuidamos tanto quanto deveríamos.
        Porque soubemos desde o início que sempre tem um pé de ferro para pisar num coração mole...