quinta-feira, 30 de setembro de 2010

; o mundo das palavras esquecidas

        Lá estão várias palavras, esquecidas pelas pessoas durante o tempo. Reúnem-se por favor, muito obrigado, com licença e várias outras expressões parecidas. Elas foram as primeiras a desaparecer. Foram afugentadas pelo desuso, sabe? Sentiram-se abandonadas, e então se foram. E se refugiaram lá, no seu novo mundo.
         Estão por lá também senhor e senhora, antes tão usados por pessoas para se dirigirem aos mais sábios. Elas trazem consigo o respeito, que levou consigo não apenas suas sílabas – mas todo o seu significado.
         Preservar e perseverar também estão pelas redondezas. A primeira, na verdade, está fazendo as malas. É que as pessoas resolveram, de uma hora pra outra, lembrarem-se dela. Então ali já não é mais o seu lugar. Ela deve voltar, e ela espera (com a esperança, sua palavra esquecida vizinha!) ser lembrada por muito tempo, uma vez que a humanidade cada vez mais precisa de seu significado.
        Companheirismo mora por ali também, foi substituída por uma tal de competição, toda petulante, que agora está encravada por todos os lados. Amigo é vizinho de companheirismo, sabe como é, foram esquecidas na mesma época. Ela foi substituída por uma tal colega, que insiste em roubar o seu real significado, e consegue, cada vez que as pessoas se distanciam e se esquecem mais e mais do real significado da amizade...
         Amor? Ah, não, essa não foi esquecida! Pelo contrário. É dita, escrita, gasta, surrada a cada dia que passa. Ela teme, e na verdade queria ser uma das suas antigas amigas – queria estar no mundo das palavras esquecidas. É que ela não aguenta mais ser usada de forma vã, ser atirada ao vento de forma errônea por pessoas que não entendem sua essência. Ela não aguenta mais ser confundida com as expressões bom dia! ou quer um café?. Amor está cansada. Tudo o que ela queria era ser reconhecida – pelos seus reais valores. E não essa coisa estranha e vazia para a qual as pessoas a tem empregado ultimamente.


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Mais alguma palavra que vive no mundo das palavras esquecidas e que não acrescentei? :)
Beijos!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

; a movie script ending

        Sempre que eu volto, o cheiro continua o mesmo do sempre em que me recordo, seco e salgado e incômodo. O ar é pesado e carregado, e ainda faz os mesmos sons; prelúdio de algo horrível que virá a acontecer; ou talvez apenas um eco distorcido do que já aconteceu. É, deveriam ser os ecos. Tudo é escuro e cinza, e há uma névoa difusa do tipo daquelas em finais de filme de terror.
        Nas portas das lojas, pessoas vazias se acumulam como pequenas formigas correndo para o abrigo na iminência de chuva. Ao redor delas aparecem as palavras mais sujas (aquelas com asteriscos dentro vogais), as sensações mais sujas nas expressões mais sujas. Ao espreitar pela janela enxerga-se o mesmo tipo fútil de ser humano à venda, preços em inflação. A procura é alta, assim como a estupidez de cada um deles.
        Alguns de nós não aguentam mais – já fazia muito tempo que não sentíamos nada, e nada é ruim. Nada é vago, oco. Nada é inseguro e assustador. E o ser humano, de certa forma, é programado para não gostar do nada. Por isso a impaciência em meio à lacuna da consciência, em meio as palavras horríveis e dos pensamentos contaminados.
        Há um grito profundo, uma campainha alta e então as pessoas acordam, saindo do estado frívolo em que se encontravam, entrando em alerta, voltando à consciência que não tinham há muito tempo (muitas delas nem sequer se lembravam de um dia ter tido uma). Risadas ecoam, estão todos animados. Sente-se o cheiro do alívio. Como se estivessem acabado de ser salvos da forca.
        Depois de parecer ter estado inconsciente por décadas, despertei. Estava em uma estrada longa, cheia de árvores ao redor. Uma brisa morna passando por meu rosto, como se dissesse que tudo ficaria bem. Ouço pássaros e água caindo, caindo como o sol à minha frente que dizia seu silencioso adeus, deixando lugar para a lua imperar por sua metade do dia – a noite.
        Um farfalhar de tecido me chama a atenção e me viro bruscamente, assustada – lá está você. Com toda a sua beleza não tão pronunciada, e aqueles olhos que são capazes de acalmar o maior dos meus medos. Sinto o calor da alegria, o cheiro do amor e imediatamente me coloco a sorrir também. Eu me lembro – não sou um dos vazios. Não mais.
        O mundo explode, nada mais faz sentido ao mesmo tempo em que entendo tudo. Uma chuva não convidada, mas bem vinda, despenca sobre nós. Lava o resto da inconsciência, lava os pecados e os sentimentos ruins. E o seu sorriso traz a paz, me acalenta. O silêncio é o nosso aliado, assim como aquela troca de olhares.

        Agora sabemos que as palavras eram verdadeiras nas mais suculentas músicas...

        FIM.
        Créditos finais.


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Texto baseado numa música do Death Cab.
Beijos! ;)

sábado, 25 de setembro de 2010

; colorindo

        Se cada vez que eu sorrisse meu amor se transformasse em cores, o mundo seria feito um arco-íris.
        Ou ainda mais colorido, mais vibrante, mais diverso.
        Mais intenso.

        Haveria o violeta da sinceridade, da cumplicidade, do respeito e do envolvimento. O violeta que nos pega sempre nos momentos de silêncio, de um jeito que nos faz conversar assim – sem palavras, apenas por emoções tão explícitas em pequenos gestos.
        Haveria também o anil da lealdade inabalável, da confiança mútua que nos cerca o tempo inteiro. Aquele que nos faz mais nobres, que nos faz mais dignos, e que tornam o amor honrado como deve ser.
        Haveria o azul da tranquilidade e do afeto. O azul dos abraços longos, inacabáveis; o azul de dormir junto embaixo de cobertores enormes e nunca mais querer sair dali. O azul do "o mundo poderia parar naquela tarde".
         Haveria o verde da energia e do crescimento. Da esperança dos dias mais tristes e descoloridos. Verde do dia correndo descalço no campo e da barraca no meio do nada, onde só os suspiros interromperiam o silêncio absoluto.
        Haveria o amarelo da alegria. O amarelo das crises de riso – até nos momentos mais inapropriados! –, o amarelo da juventude e de tudo de bom que possa vir. O amarelo das receitas que dão errado e tornam-se sorrisos; o amarelo energia e das guerras de travesseiro.
        Haveria o laranja do movimento, de um fugir do abraço molhado e gelado do outro. O laranja das mudanças – das boas e as ruins. O laranja daquelas trocas de olhares.
        E haveria o vermelho. E mais amor impossível! O vermelho da atração. Vermelho dos beijos e dos sussurros. O vermelho da paixão, das noites e dos toques. O vermelho que torna tudo tão absurdamente forte; o vermelho latente da volúpia e da inocência – e das duas combinadas.
       
        Então haveria o branco e o preto. A tolerância, proteção, cuidado e tranquilidade; a introspecção, a quietude e os momentos de reflexão. E por fim, todos os tons entre todas as cores. E eles deixariam tudo absolutamente lindo, ainda mais irresistível.
       
        Ah, se cada vez que eu sorrisse meu amor se transformasse em cores!

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Novo layout, gostaram? :)
Não tive coragem de tirar a menininha dali! :P

Mais um post pra série "Colecionando Cores", e logo haverão mais novidades dela por aqui!

Bjsbjs, bom fim de semana!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

; pedaços de um futuro

        Música. Livros. Letras e livros. Alunos, talvez. Jornalismo. Uma casa no campo. Uma ou duas crianças. Cachorros. Filmes, computador. Viagens. Lugares exóticos. Fotografia. Linhas do tempo e  memórias. Amigos. Família. Amigos que são família. Um amor, dois cafés, três canetas e papel. Felicidade. Silêncio. P-a-z.





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A idéia foi da @ellegumz, em um post com o mesmo nome no blog dela. Achei foda e resolvi tentar.
E agora desafio todos os amiguinhos, escritores ou não, a tentar também!
Deixem os resultados aí nos comentários!

Beixooos! ;)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

; sick of it

        Ah, eu amo você!
        Amo tanto que não seria capaz de viver sem você. Amo tanto que sem você meu mundo morreria, a vida perderia o sentido. Amo você que, sem você, eu não poderia ver as cores! Eu não conseguiria achar graça em nada, eu não conseguiria respirar, SEM VOCÊ EU NÃO VIVO!
        Sem você eu não posso continuar. Sem você... Eu não vou. Porque sim, só vou se for com você! Sem você eu não posso ir, eu não conseguiria! Sem você não posso andar, não posso fazer meu próprio caminho, SEM VOCÊ EU NÃO POSSO EXISTIR!
        Sem você eu não vou a lugar algum. Eu não terei futuro, se você não estiver comigo! Ai, pensar em ficar sem você me deixa nervosa! Imagina, nem quero pensar nisso! Sem você eu não consigo nem pensar em respirar, viver, essas coisas bobas, sabe? Sem você eu jamais poderia ser feliz. Porque você é tudo o que importa! SEM VOCÊ EU NÃO POSSO SEGUIR EM FRENTE!
        Você é meu céu, meu sol, meu infinito. Você é tudo pra mim! Sem você eu entraria em depressão. Não conseguiria me imaginar sem você, sem você eu ficaria infeliz até não poder mais aguentar, SEM VOCÊ EU MORRERIA!


        Agora fala sério, eu sou a única que acha isso meio insano?
        Depender de outra pessoa pra ser feliz? Pra seguir em frente? Pra traçar os seus próprios caminhos? Não é nem questão de ser independente, ou de acabar pressionando (eu pessoalmente odeio ser pressionada). Só acho tudo isso doentio. Eu simplesmente não consigo entender o conceito de precisar de outra pessoa pra ter a minha própria vida.
        É demais pra mim. Demais.



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Às vezes algumas coisas soam assim pra mim.
E putz... Ciúme, necessidade ou o que quer que seja tem que ter limites, né?
Sou a favor de cada um no seu quadrado! :)
Paixão e amor são totalmente diferentes de dependência.
Pronto, falei.


Repense alguns conceitos! ;)
Beixos!